segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O chafariz e o jardim de Devisme em Benfica


Igreja de São Domingos de benfica 


Chafariz e muro da quinta de Devisme


Este chafariz embora de uso público, foi executado por iniciativa do particular Gérard Devisme, burguês pombalino, comerciante de pau-brasil. Na segunda metade do século XVIII este burguês mandou construir um palácio em São Domingos de Benfica, projectado por Inácio Oliveira Bernardes. Tentou encanar para o seu palácio umas águas que tinha descoberto, mas a Junta de Administração das Fábricas do Reino e Obra das Águas Livres embargou a obra em 23 de Julho de 1784. No dia 30 desse mesmo mês os arquitectos Reinaldo dos Santos e Francisco Cangalhas inspeccionaram as ditas obras e graças ao seu parecer, a rainha autorizou, em Agosto de 1784, Devisme a fazer a obra de encanamento desde que esta passasse pelo Aqueduto, sendo necessário abrir um novo arco, cujos custos ficaram a cargo do comerciante e em troca Devisme construiu um chafariz público. Depois de concluído esteve três anos sem funcionar, até que o alvará de 27 de Março de 1787, lhe concedeu um anel de água do Aqueduto das Águas Livres. Caso faltasse a água este chafariz seria preterido em favor dos chafarizes da rede do ramal. Os sobejos iam para Devisme e depois passaram para o Marquês de Abrantes e para a Infanta D. Isabel Maria. O chafariz integra-se nos muros da quinta. É decorado com dois golfinhos e tem um tanque único com duas bicas. É rematado por um obelisco ladeado por duas urnas.

 Em 1966
Na actualidade



 Vistas dos jardins de Devisme




O que se sabe de positivo é que ele foi , teve um monopólio de pau brasil, um riquíssimomonopólio de importação de madeiras exóticas vindas do Brasil e isso significa de certeza boas relações de apaniguado com o todo poderoso Marquês de Pombal e esse monopólio começa em 1760, logo a seguir ao terramoto, em plena Reconstrução de Lisboa. Estar nas boas graças de Pombal era evidentemente algo de importante e algo de rentável, o que explica a fortuna que ele fez, certamente também com outros negócios que se juntaram a esse, e a possibilidade de fazer duas grande casas nos arredores de Lisboa, uma em Monserrate  e a de S. Domingos de Benfica que existe ainda, embora com certas transformações, e sobre a qual toda a história de arte se tem debruçado porque mais significativa do que esta outra desaparecida.
Mais significativa porque é um palácio de médio porte com três corpos, grandes jardins, grandes ‘fábricas’ nos jardins, como se dizia então, de pequenas construções, fontes e de estatuária de chumbo que se importou de Inglaterra naquela altura, e esse palácio foi vendido, depois da sua morte, ao Marquês de Abrantes, e o Marquês de Abrantes que era senhor de uma casa muito poderosa nessa altura e que depois se arruinou, vendeu-o à Infanta Isabel Maria, regente de Portugal, irmã de D. Pedro I e D. Miguel, regente mais ligada ao mano Pedro do que ao mano Miguel, e que ali se instalou com uma pequena corte, dando-lhe um porte e um carácter aúlico, e temos a sorte de a posterior transformação em colégio de meninas o ter conservado, continuando assim em S. Domingos de Benfica, perto do célebre palácio dos Fronteiras e do convento do mesmo nome.
Sabemos que o seu arquitecto foi Inácio de Oliveira Bernardes, um homem que vem de uma familia de azulejistas, mas que fez alguma arquitectura, de alguma qualidade média se bem que de qualquer maneira o modelo não é português, é de gosto inglês, um modelo de grande estadão para festas e jardins.
In:
Devisme, Monserrate e o Romantismo
por José Augusto França

A proprietária a infanta D. Isabel Maria, tia de D. Maria II, a medianeira e madrinha nos laços afectivos entre a actriz Elise Friederick Hensler e o Rei D.Fernando.Com efeito, a 10 de Junho de 1869 celebrou-se o consórcio real no Palácio Devisme, em Benfica, tendo dias antes o Príncipe Ernesto de Saxe-Coburgo Gotha agraciado Elise Hensler com o título de Condessa d’Edla.

Este palácio Devisme é o retratado por Pillement nas suas vistas de Benfica

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